Não, não é verdade… Há muito o que ser feito na primeira semana! Vamos, aqui, apontar algumas dicas de como usar bem a primeira semana de aula, te mostrando o que pode/deve ser feito nesse (re)início de ciclo letivo.
Agora… Veja bem… Se você quer ou não fazer, é outro problema… O texto é para os que QUEREM fazer, mas não sabem o quê/como. Se você deseja mais uma semana de férias, o texto não é para você…
É rigorosamente normal: o aluno vê a primeira semana como inútil, ou algo muito perto de inútil (bem… sempre se tira proveito do reencontro com os amigos, botamos a conversa em dia, etc.). Essa crença deriva do fato de que, no começo do período letivo, há naturalmente um ritmo mais lento. Estamos começando, afinal. Em geral, os professores apresentam o conteúdo, estabelecem os critérios/mecanismos de avaliação, indicam leituras e práticas etc., mas não avançam muito conteúdo formal.
Daí, como nosso aluno foi treinado pelo sistema para ser uma “samambaia”, neste momento em que estamos falando ainda pouco (ou mesmo nada) sobre o conteúdo formal da disciplina, o aluno faz o que todas as samambaias fazem: ficam inertes, à espera, no modo stand by.
Não me leve a mal, ok? Eu também fui um aluno samambaia!!! Na verdade, sempre digo: o sistema educacional nos treina para sermos isso!!! Desse modo, não é culpa sua… Mas veja bem: não é sua culpa, mas cabe a você a tarefa da mudança! Vamos lá.
Então, há algo a ser feito! O que será, então? O começo do ciclo letivo deve ser ocupado com algo de extrema importância: ORGANIZAÇÃO e PLANEJAMENTO.
– Ãn? Hein? Como assim, professor? Dá um exemplo?
Simples: uma coisa é executar o estudo (estudar mesmo, ler textos etc.), outra coisa diversa é planejar/organizar o que será estudado, que dia/hora, com que material etc.
Como o sistema de ensino não nos treinou para fazer isso, nós não aprendemos e, logicamente, não fazemos esse planejamento inicial. Acredito que muitos estarão vendo esta ideia pela primeiríssima vez. Sigamos em frente!
Quando o ciclo letivo engatar a quinta marcha, será muito mais difícil fazer esse planejamento, pois estaremos ocupados com a execução das leituras, normalmente já atrasadas (sim… eu também sou assim, ok?). Ou seja, estaremos usando o tempo para leitura, não para pensar que livro deve ser lido, quantas páginas por semana etc. Ocorre que, sem planejamento prévio, o rendimento dessa leitura “a esmo” será significativamente menor.
Querido leitor, parece que posso ouvir seu pensamento: – Mas, professor, eu não vou ficar uma semana pensando no que vou ler… Na hora, eu sento e leio o que der, quando der, como der…
Digo eu: – Amigo, gostaria que você me desse (se desse) uma chance de fazer diferente. Depois de EFETIVAMENTE fazer diferente, me diga o resultado. Grosso modo, temos uma errada compreensão da importância do planejamento. Prossigamos!
BÊ-A-BÁ DE “COMO USAR MELHOR A PRIMEIRA SEMANA”.
A seguir, algumas ideias para te ajudar a ver a primeira semana com um olhar mais produtivo.
– O QUE É PLANEJAR/ORGANIZAR O ESTUDO?
Planejar é a atividade de pensar no que fazer, como fazer e quando fazer ANTES de começar a fazer. Esse conceito não está no dicionário, mas acho que é bom o bastante, vamos usá-lo.
Para QUALQUER atividade, o certo é planejar antes, fazer/executar depois. Isso vale para a construção de um prédio, para uma piada a ser contada, para a redação de um texto e para o estudo. Enfim, vale para tudo. Para sermos melhores no que fazemos, devemos melhorar nosso nível de planejamento. Para aprender melhor, devemos (além de outras coisas, claro), planejar melhor o estudo. Como muitos de meus leitores não planejam nada quando vão estudar, qualquer planejamento será melhor do que o atual, hehe.
– O QUE DEVO DEFINIR COM O MEU PLANEJAMENTO?
Primeiro, você deve identificar o conteúdo a ser estudado.
Segundo, você deve identificar sua fonte de estudo (o que será usado para o estudo).
Terceiro, você deve analisar sua agenda e planejar seu tempo de estudo.
Quarto, você deve estimar o conteúdo por cada momento de estudo
Quinto, você deve preparar o material a ser usado.
– COMO IDENTIFICAR O CONTEÚDO A SER ESTUDADO NO SEMESTRE?
Você saberá o conteúdo da matéria por dois caminhos complementares.
Primeiro, você DEVE ter as EMENTAS das disciplinas que irá cursar. Essas ementas são justamente a lista dos temas que devem ser tratados pelo professor na disciplina. Essa lista não é “inventada” pelo professor, ela é institucional, definida pela faculdade junto ao MEC e o professor tem que obedecê-la. Essa ementa é dada pelo professor ao aluno no “plano de ensino”. Porém, mesmo antes do primeiro dia de aula você pode consegui-la por intermédio da sua instituição de ensino (alguém deverá estar apto a localizar e fornecer a ementa de todas as disciplinas do curso a quem quer que solicite).
O segundo caminho é uma dica para os autodidatas: procure os livros de referência da disciplina. Os livros básicos, do estilo “manual” (manual de português, de direito civil, de qualquer coisa), podem até ter algumas diferenças, mas o conteúdo será em grande parte o mesmo. Pode haver uma abordagem diferente, mas os temas são aproximadamente iguais. Assim, se você quer saber o que será ensinado na disciplina Direito Civil IV e não está com vontade de falar com ninguém, basta abrir o livro de Direito Civil IV. Simples, não? (então por que você nunca fez isso, hein!?)
– COMO IDENTIFICAR MINHA FONTE DE ESTUDO? (livros a ler etc.?)
Você deve identificar o MATERIAL que será usado para o estudo. Digo, deverá identificar em que FONTE você obterá as informações.
No caso do aprendizado jurídico, estou a falar, grosso modo, de leitura de legislação de livros teóricos (doutrina, como se diz). Então, se você vai estudar Direito Civil IV, você vai selecionar o livro teórico e também os dispositivos da legislação a serem lidos ao longo das semanas letivas.
A legislação é de localização objetiva, mas livros teóricos existem aos montes. Como selecioná-los? Na primeira semana de aula, o seu professor te fará essa indicação. Antes da primeira semana, sem falar com o professor, você pode escolher um livro básico “ao acaso” (desde que seja livro, não resuminho, esqueminha e outros inhos usados/vendidos por aí). No nível de graduação, os “manuais” tendem a ser equivalentes.
AINDA NESTE MOMENTO, é importante ter uma noção do que será material principal e material complementar. Por exemplo, falando do Direito, ler a legislação e um livro teórico é essencial. Ver videoaulas (muitas gratuitas na internet) pode ser importante, mas é secundário. Resolver questões de provas de concurso, idem. Então defina o essencial, o “mínimo existencial” do seu conhecimento, para que, na hora de estudar, não passe para a fase dois antes de cumprir a fase um.
– COMO PLANEJAR MEU TEMPO DE ESTUDO?
EM TERCEIRO LUGAR, você precisa fazer um PLANEJAMENTO DO TEMPO a ser COMPROMETIDO com o seu aprendizado. Ou seja, faça o famoso “quadro de horários”, visualizando na sua rotina seus afazeres de trabalho e outras obrigações. Fixe de antemão (na primeira semana) qual o tempo da sua vida, ao longo das próximas semanas, você irá COMPROMETER com o seu aprendizado.
Atenção à palavra usada – você vai COMPROMETER seu tempo. Se você não tiver essa noção de compromisso, seu estudo estará acabado no momento em que te der um soninho, ou que te chamarem para bater um papinho, ou que uma mosquinha passar voando na sua frente… Fixe seus horários e COMPROMETA-SE. Encare seu aprendizado como trabalho – e de fato é (embora não remunerado no momento, será remunerado no futuro…).
Mas COMO MONTAR ESSE PLANEJAMENTO? Isso é tema para ser aprofundado em outro momento, mas apenas considere ser necessário um planejamento IDEALISTA-REALISTA. Explico.
Não adianta nada você escrever no papel que vai estudar 5 horas sem parar se você não tem esse tempo disponível, ou se tem o tempo, mas ainda não formou o hábito de ficar tanto tempo estudando. Não adianta você achar que vai estudar sem pausas, sem considerar tempo perdido no trânsito etc. Aqui, estamos sendo realistas.
Porém, também é verdade que ninguém cresce sem esforço. Não adianta nada você estar querendo aprender uma ciência nova, matriculado numa faculdade e, depois do trabalho, olhar no espelho e dizer “estou cansado, vou ver o Big Besta Brasil”. Se for assim, fique em casa, tranque a matrícula, economize seu tempo/dinheiro e minha paciência, desista… Estudar é crescer. Para crescer, saia da zona do conforto; force-se a ir cada vez um pouco mais além de onde está agora. Aqui, estamos sendo idealistas.
AINDA QUANTO A PLANEJAMENTO DO TEMPO, pré-determine que dia/hora será dedicado a que disciplina. Não faça apenas uma lista de horas comprometidas com o estudo “modo geral”. Defina cada disciplina correspondente a cada momento. Se você já não é mais calouro, já pode pensar que determinas matérias são, para você, mais fáceis ou mais difíceis. Divida seu tempo de acordo com isso.
UMA IDÉIA NOVA PARA CONSIDERAR. É comum pensar de modo objetivo: matéria mais difícil, mais tempo de estudo. Isso obviamente tem uma lógica. Porém, quero te sugerir outra visão. Se uma matéria é mais fácil para você, provavelmente seja porque você tem maior afinidade/gosto por ela. Assim, é muito provável imaginar que você tenha mais gosto em trabalhar, no futuro, com ela. Dessa forma, você pode considerar toda sua graduação como uma longa introdução genérica, mas já fazer por sua própria conta sua especialização – não no sentido de curso de especialização, mas no sentido de aprender mais sobre um determinado tema. Pense nisso…
AINDA QUANTO A PLANEJAMENTO DO TEMPO, faça uma divisão de horários considerando um período mais longo, como duas semanas. Ou seja, não divida horas do dia, divida horas de duas semanas, ou até de um mês. Isso é simples de entender: nossas vidas raramente são exatamente iguais ao longo do mês. É comum termos mais tempo disponível numa semana e menos na outra. Considere atividades sociais importantes, como o aniversário da sua cachorrinha Fifi, por exemplo – se é REALMENTE importante, você já saberá de antemão que haverá um evento a que deverá comparecer. Considere isso ao montar seu planejamento, organizando atividades ao longo de um período mais largo. Sugiro a divisão de duas em duas semanas, mas você é quem sabe de sua vida, veja o que funciona melhor para você.
UMA DICA DE PLANEJAMENTO DO TEMPO. Todo aprendizado envolve repetição/revisão. Todo planejamento de estudo deve contar com momentos de revisão de conteúdo já estudado. (É necessário entender que há níveis diferentes de aprofundamento no estudo. Uma leitura profunda não é a mesma coisa que uma revisão de conteúdo já estudado antes). Pode-se fazer uma revisão pela releitura de textos já lidos e sublinhados. Pode-se fazer exercícios de fixação. O importante é que você planeje fazer essas revisões. Idealmente, na mesma semana, faça a revisão do conteúdo estudado no período – por exemplo, leia o código (estudo aprofundado) e faça exercícios daquela passagem lida (revisão). AÍ VEM A DICA: locais como filas e trânsito (se você é passageiro, claro) são excelentes para isso. Se você leva 30 min. de ônibus para chegar a qualquer lugar, você tem, então, 30 min em que pode fazer uma revisão de conteúdo já visto. Considere isso e tire proveito de momentos até então inutilizados.
– COMO ESTIMAR O CONTEÚDO A ESTUDAR POR DIA?
Após definir quanto tempo ao longo das semanas dedicará a determinada disciplina, estime o conteúdo a ser vencido em cada horário de estudo. Isso é – num primeiro momento – como uma conta de divisão: sabendo o conteúdo a ser visto e o tempo disponível, divide-se conteúdo por tempo e você chegará a uma noção inicial de “quantas páginas por dia” a serem lidas. (algo como “no dia X, será lido da página 1 a 50; no dia Y, da 51 a 100”, e assim para todos os horários).
Essa pré definição é importante. Ao planejar o semestre, não basta dizer “vou estudar Direito Civil IV às segundas-feiras”, por exemplo. Defina de modo mais detalhado: “na segunda-feira dia X, lerei as páginas tais e tais do código, ou do livro; na segunda-feira dia Y, lerei as paginas tais outras”.
AINDA QUANTO À ESTIMATIVA, lembre de considerar em sua grade de horários os dias previstos para prova, definidos pelo calendário acadêmico e disponibilizados pelo professor no primeiro dia de aula. Isso porque o dia de prova é uma data referencial que te norteia: você tem que vencer “x” conteúdo até o dia da avaliação. No primeiro dia, o professor te dará a programação do semestre e provável matéria de prova. Trabalhe com essa informação. Alternativamente, faça a sua própria divisão – jamais será muito diferente da divisão do professor. Nesse caso, se tiver que errar, erre pelo excesso, ou seja, inclua mais conteúdo.
AINDA QUANTO À ESTIMATIVA, seja realista-idealista novamente. Se você trabalha das 6h às 19h, assiste aulas das 19h às 22h e chega em casa às 23h30, não adianta achar que vai ler 200 páginas de direito romano antes de dormir. Na terceira linha da segunda página você dorme e acorda deprimido porque não conseguiu cumprir o plano – mas, na verdade, o plano era inexequível… Porém, se esse é seu caso, alguma escolha deverá ser feita na sua rotina. Seu fim de semana tem que ser ao menos parcialmente comprometido de modo sério, por exemplo. Aí, nesse tempo reduzido, ESCOLHA BEM o material a ser usado. Por exemplo, para o curso de Direito, eu sugiro, por minha experiência pessoal, que o aluno, não podendo ler teoria e lei, escolha a leitura da lei. É uma sugestão. Veja o que funciona melhor para você.
– COMO PREPARAR O MATERIAL NECESSÁRIO?
Bem, aqui a questão é de simples compreensão. O importante é entender a necessidade de providenciar esse material logo na primeira semana. No caso do curso de Direito, comprar livros, se for o caso, ou retirá-los da biblioteca, ou fazer xérox etc. Você também pode incrementar sua preparação. Localize na internet listas de exercícios a serem feitas (questões de concurso, por exemplo), blogs específicos de seu assunto (fontes alternativas/complementares de estudo), salve sua lista de videoaulas, enfim… Busque tudo o que você já sabe que precisará logo na primeira semana. Mantenha isso à mão, no seu local de estudo habitual.
OBSERVANDO E AJUSTANDO.
Não adianta achar que o planejamento feito é uma espécie de vaca sagrada intocável. Você precisará revê-lo e ajustá-lo rotineiramente. Atividades não cumpridas precisam ser recuperadas em horário alternativo. Se você teve problemas ao longo de um tempo maior, todo seu planejamento precisará ser refeito, etc.
SÍNTESE.
Quis aqui, neste texto, a te ajudar a ver a necessidade/proveito da atividade de planejamento/preparação para o estudo. Algumas dicas foram dadas para você começar a fazer o seu planejamento. Claro que você deverá fazer seus ajustes pessoais. Espero que as ideias sirvam para te inspirar a fazer suas próprias experiências. Bom trabalho!
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